Conclusão dos comentários de Plinio Correa de Oliveira sobre São Lourenço Justiniano
Saltar em cima do trabalho
desagradável, desde que este seja necessário
Outra
ordem de ideias para a qual esse texto convida, e eu gostaria que tivéssemos a
atenção voltada, é a seguinte:
Quem
verdadeiramente é lutador não espera que o inimigo venha a si. Ele se lança
contra o adversário, empreende a ofensiva para derrubá-lo. É por essa forma que
a força se manifesta; isso é a luta propriamente dita. Há um ditado comum, em
linguagem corriqueira, mas que diz uma grande verdade: “A melhor forma de
defesa é o ataque.” Quando pegamos o inimigo desprevenido, no momento em que
ele não desenvolveu ainda todas as suas forças, nós podemos vencê-lo,
achatá-lo. Isso é verdade não só para a luta física, mas para os esforços que o
homem tem que realizar sobre si mesmo.
Por
exemplo, um trabalho. O melhor jeito de o realizarmos bem é não o adiar. Quando
vemos que um trabalho é inevitável, devemos pular em cima dele e fazê-lo logo.
Por quê? Porque não há coisa pior do que passar um dia inteiro arrastando a
perspectiva de um trabalho que deve ser realizado. Não é muito melhor fazê-lo
de manhã, e passar o restante do dia livre daquela assombração do trabalho?
Arrastar
o trabalho com preguiça, deixá-lo para amanhã, para depois de amanhã, não
significa uma fraqueza de alma que vai, após cada adiamento, tornando aquele
trabalho mais difícil?
Quer
dizer, diante das coisas difíceis dessa vida, nós quase que deveríamos fazer um
calendário assim: fazer primeiro as mais desagradáveis e mais difíceis e depois
as mais leves e menos desagradáveis. E deixar o prazer para o fim.
Porque nada é mais agradável do que o deleite depois do dever cumprido. Nada é mais
desagradável, nada inutiliza mais o prazer, do que a ideia de que, terminado
aquele prazer, temos um dever árduo para cumprir.
De
maneira que, por assim dizer, devemos saltar em cima do trabalho desagradável,
desde que este seja necessário. Ninguém é bobo de fazer trabalho desagradável e
inútil. Antes de fazer algo desagradável, devemos perguntar se é mesmo
necessário. Mas se for, então devemos saltar em cima e executá-lo o mais cedo e
o mais depressa possível, contanto que saia bem feito.
O nível da conversa está na razão
inversa da vagabundagem
Entre
nós, às vezes, surgem queixas a respeito de conversas vulgares. Prestem
atenção: gente que tem conversação vulgar é gente preguiçosa; e o que abaixa o
nível da conversa é a preguiça, a perspectiva do não cumprimento do dever, que
dá o horror a qualquer conversação séria. Pelo contrário, considerem um homem
varonil, sobrenatural, que acaba de fazer um trabalho cumprindo o seu dever;
apresenta-se uma conversa de nível alto, ele tem vontade de participar. Porque,
como ele fez uma coisa mais difícil, está pronto para a menos difícil.
Mas se
um indivíduo está na babugem, na hora de conversar só quererá tratar de
besteiras. O nível da conversa está na razão inversa da vagabundagem. Quem é
aplicado e trabalha nas obras de apostolado, conversa bem, tem apetência de
coisas sérias. Por isso também é bom ouvinte de reunião quem, durante o dia,
trabalhou e rezou pela salvação das almas.
Eis a
norma que São Lourenço Justiniano nos apresenta. Assim se edifica a cidade de Nossa
Senhora, onde tudo se move por amor a Ela, e todo mundo é sequioso de
sacrifício, da cruz, da luta.
Então,
aqui está o meu conselho: façam o melhor e o mais rapidamente possível as
tarefas desagradáveis e inevitáveis, saltem em cima delas, deem graças a Nossa
Senhora na hora que lhes pede sacrifícios, roguem o auxílio a Ela para
realizarem esses sacrifícios, e toquem a vida para diante. É por essa forma que
serão, ao mesmo tempo, fortes e astutos.
Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferências
de 5/9/1966 e 13/9/1969
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