Terceiro Geral de sua Ordem — Ordem de São Domingos —, São
Raimundo de Peñafort nasceu na Catalunha, no castelo de Peñafort, de pais ricos
e nobres, descendentes da família real de Aragão.
Quando jovem, percorreu com tão
grande brilho o curso de seus primeiros estudos, que com vinte anos foi
encarregado de ensinar Filosofia em sua cidade natal.
A formação de sua mentalidade o
preocupava muito mais do que a de sua mera inteligência. Daí o zelo que tinha
em inspirar uma sólida piedade a todos os seus discípulos.
O tempo que ele podia subtrair
às suas ocupações, o santo empregava em socorrer os infelizes e eliminar as
discórdias na cidade.
Ele foi chamado para a Espanha,
por ordem do Papa Honório III, para ser professor do jovem Rei Tiago I de
Aragão.
Tendo recebido um canonicato e
logo depois o título de arcediago, na igreja de Barcelona, tornou‑se o modelo dos sacerdotes do Senhor. A festa da Anunciação
era então muito negligenciada nas igrejas da Espanha. Com piedosa insistência,
conseguiu do Bispo de Barcelona que se celebrasse essa grande festa com Ofício
Solene, e uma parte do dinheiro que ganhou destinava exatamente para isso.
São Raimundo de Peñafort conheceu
São Domingos de Gusmão e se tornou testemunha de suas grandes virtudes. De tal
maneira ele admirava a vida angélica dos primeiros dominicanos, que pediu o
hábito e o recebeu, em abril de 1222. Seu exemplo atraiu para a Ordem muitos
grandes personagens.
Tendo pedido uma severa
penitência a fim de expiar as vãs complacências que, segundo ele, tivera quando
ensinava, ordenaram-lhe que compusesse um conjunto de livros sobre os casos de
consciência mais difíceis, que costumavam aparecer para os confessores na
Espanha.
Essa obra foi elogiada pelo
Papa Clemente VIII, como sendo igualmente útil aos penitentes e confessores;
foi o primeiro trabalho no gênero existente na Igreja Católica.
Todos os dias, salvo aos
domingos, ele não tomava senão uma ligeira refeição. Nosso Senhor lhe tinha
dado, como familiar, um de seus anjos, que conversava com ele. Um pouco antes
do sino do convento tocar para as Matinas, o anjo o acordava e o convidava para
fazer oração.
Um dos mais brilhantes raios de
sua glória foi ter tomado parte na instituição da Ordem de Nossa Senhora das
Mercês,
para a redenção dos cativos, fundada pelo Rei Tiago I de Aragão, graças a uma revelação
do alto; tal revelação foi feita simultaneamente, numa mesma noite, a esse monarca,
a São Raimundo de Peñafort e a São Pedro Nolasco, um gentil-homem francês, que
também fora preceptor do Rei.
O Rei, acompanhado de toda a
corte e dos magistrados, foi para a igreja catedral, chamada da Santa Cruz de
Jerusalém. O Bispo Berenger oficiou pontificalmente. São Raimundo subiu à
cátedra e professou, diante de todo o povo, que tinha sido milagrosamente
revelado a ele, ao Rei e a São Pedro Nolasco, a vontade de Deus sobre a Ordem.
Por ocasião do Ofertório, o Rei e São Raimundo apresentaram São Pedro Nolasco
ao Bispo, que o revestiu do hábito da Ordem. Terminada a Missa, o monarca
conduziu São Pedro Nolasco e seus frades para seu próprio palácio, numa parte
que ele tinha reservado para ser mosteiro.
São Raimundo empregou, então, o
resto de sua vida a propagar e favorecer a Ordem religiosa de São Pedro Nolasco.
São Raimundo chegou à extrema
velhice, sem nenhuma outra doença a não ser a muita idade. Ele dormiu
suavemente nos braços do Senhor no dia 6 de janeiro — festa da Epifania — de
1275.
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