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sexta-feira, 28 de março de 2014

PROFETA DANIEL

Profeta Daniel duas vezes lançado na cova dos leões

Devido a sua heroica fidelidade a Deus, por duas vezes Daniel foi perseguido por idólatras e lançado numa cova de leões. Em ambas as ocasiões, por sua inabalável confiança no Altíssimo, saiu miraculosamente ileso.
Da estirpe real de Davi, muito jovem ainda, Daniel foi levado para Babilônia por Nabucodonosor quando este conquistou Jerusalém, no século VI antes de Cristo.
Inteligente e bem-apessoado, destacava-se pelo porte e, sobretudo, pelas virtudes e dons sobrenaturais, entre os quais os de sabedoria, fortaleza e interpretação de visões e sonhos. Percebendo sua superioridade, Nabucodonosor nomeou-o governador de todas as províncias de Babilônia, presidente dos magistrados e dos sábios do império.
Deus enviou um anjo que fechou a boca dos leões
Algum tempo depois, subiu ao trono de Babilônia o rei Dario, que pretendia elevá-lo ao mais alto cargo do reino. Mas, movidos por inveja e ódio, vários ministros e sátrapas (governadores de províncias), tramaram a morte de Daniel, apresentando a Dario esta proposta:
Os ministros do reino, os prefeitos, os sátrapas, os conselheiros e os governadores estão todos de acordo em que seja publicado um edito real com uma interdição, estabelecendo que aquele que nesses trinta dias dirigir preces a um deus ou homem qualquer que seja, além de ti, ó rei, seja jogado na cova dos leões” (Dn 6, 8).
Embora admirasse o fiel israelita, o rei cedeu e fez publicar a infame lei.
Sabendo disso, “Daniel entrou em sua casa, a qual tinha no quarto de cima janelas que davam para o lado de Jerusalém. Três vezes ao dia, ajoelhado, como antes, continuou a orar e a louvar a Deus” (6, 11).
Os ministros e sátrapas o denunciaram ao rei, o qual se entristeceu e procurou salvá-lo da morte. Mas os iníquos adversários do profeta ameaçaram o monarca, frisando que, segundo a lei dos medos e persas, todo edito real era imutável. Este acabou fraquejando e ordenou que Daniel fosse lançado na cova dos leões.
Perturbado, Dario não conseguiu dormir naquela noite e, logo de manhã, foi à cova. Chamou Daniel, que lhe respondeu: “Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões; eles não me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, ó rei, não cometi falta alguma” (6, 23).
O rei mandou tirá-lo e jogar na cova os acusadores, com suas mulheres e filhos. “Não haviam tocado o fundo da cova, e já os leões os agarraram e lhes trituraram os ossos!” (6, 25).
Decretou, então, Dario: “Em toda a extensão de meu reino, se mantenha perante o Deus de Daniel temor e tremor. É o Deus vivo, que subsiste eternamente; seu reino é indestrutível e seu domínio é perpétuo” (6, 27).
O ídolo Bel
Babilônia foi depois conquistada pelo rei persa Ciro, o Grande, o qual manteve o profeta em proeminente cargo. “Daniel era conviva do rei e o mais honrado de todos os seus íntimos” (14, 1).
Entretanto, em Babilônia era adorado um ídolo denominado Bel. Diariamente eram-lhe oferecidas 40 ovelhas, além de vários quilos de farinha e seis ânforas de vinho. Tudo era “comido e bebido” por Bel.
Certo dia, o rei perguntou a Daniel por que não cultuava o ídolo. Respondeu ele: “Porque não venero ídolo feito pela mão do homem, mas sim o Deus vivo que criou o céu e a terra” (14, 5).
Argumentou o rei que Bel era vivo, pois comia e bebia diariamente. Rindo, retrucou Daniel: “Este deus é de barro por dentro e de bronze por fora, e ele nunca comeu coisa alguma” (14, 6).
Irritado, o monarca mandou chamar os sacerdotes de Bel e decretou: “Se não me disserdes quem come essas oferendas, morrereis. Mas se me provardes que é Bel quem as absorve, será Daniel quem morrerá” (14, 7-8).
No templo de Bel residiam os 70 sacerdotes, com suas mulheres e filhos, e para lá se dirigiram Daniel e o rei.
Astúcia de Daniel
Os sacerdotes mostravam-se seguros, porque haviam feito aberturas secretas pelas quais entravam à noite para comer as oferendas. Tendo eles se retirado, o rei depôs os alimentos diante do ídolo. Mas Daniel, na presença do rei, mandou seus criados espalharem cinza pelo templo todo. Em seguida, saíram, fecharam a porta, lacrando-a com o sinete real, e se retiraram.
Voltando ao raiar da aurora, e vendo a mesa do altar vazia, o rei entoou louvores a Bel. Mas Daniel, pondo-se a rir, apontou-lhe as pegadas de homens, mulheres e crianças no pavimento. Furioso, o soberano mandou prender os sacerdotes, os quais lhe mostraram as aberturas secretas por onde entravam todas as noites para comer o que havia sobre o altar. O rei, então, mandou matá-los e Daniel destruiu Bel e seu templo.
Fez estourar o dragão
Existia também em Babilônia um imenso dragão, adorado como deus.
O rei interpelou Daniel: “Pretenderás também dizer que aquele é de bronze? Vive, come, bebe. Tu não podes negar que seja um deus vivo. (...) Adora-o então” (14, 23-24).
Este replicou que, se o rei lhe permitisse, mataria o dragão sem mesmo usar espada ou bastão. Ele autorizou. Então Daniel cozinhou juntos breu, gordura e pêlos, fez bolotas e jogou-as na boca do monstro, o qual estourou e morreu. “Eis aí o que adoráveis!” — disse ao rei (14, 26).
Cheios de ódio, os babilônios exigiram do rei: “Entrega-nos Daniel; do contrário, nós te mataremos, bem como toda tua família” (14, 28). Este cedeu, e Daniel foi lançado numa cova onde havia sete leões famintos.
Deus não abandona os que O amam
Por milagre de Deus, Daniel não foi tocado pelas feras.
Enquanto isso se passava, o profeta Habacuc — na Judéia a muitos quilômetros de Babilônia — preparava a refeição para os ceifadores no campo. De repente, apareceu um anjo que lhe ordenou levar os alimentos a Daniel. “Senhor, disse Habacuc, nunca vi Babilônia, e não conheço essa cova” (14, 34).
O anjo, então, levou-o até a entrada da cova dos leões, em Babilônia, onde Habacuc bradou: “Daniel, toma a refeição que Deus te envia” (14, 36). Daniel exclamou: “Ó Deus, vós pensastes em mim! Vós não abandonastes os que vos amam!” (14, 37). Pôs-se a comer, e o anjo transportou Habacuc de volta à Judéia.
Transcorridos sete dias, o rei dirigiu-se à cova para chorar Daniel. Surpreso, viu-o ileso, sentado no meio dos leões.
Em alta voz, o monarca louvou o verdadeiro Deus, mandou imediatamente retirar Daniel da cova, e nela jogar seus inimigos. Todos foram devorados num instante.
Confiança
Nesses episódios, brilha de modo especial a confiança de Daniel. Mais do que nunca, essa virtude hoje nos é necessária.
Disse o Divino Mestre “Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo” ( Jo 16, 33).
Peçamos ao profeta Daniel que nos obtenha de Nossa Senhora graças super-abundantes e eficazes de confiança.
Paulo Francisco Martos. Revista Arautos do Evangelho n.23. nov. 2003

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