Contemplando a vida
de São Pascoal Bailão, Dr. Plinio ressalta o quanto a ação apostólica de alguns
Santos permanece mesmo após a morte.
São Pascoal Bailão foi
um Santo franciscano que viveu no século XVI e se tornou famoso pela sua
devoção ao Santíssimo Sacramento.
Fervoroso devoto da Transubstanciação
Para compreendemos
bem o sentido da ficha que será lida, devemos saber o que é a Missa e, dentro
dela, a Consagração.
A Missa é a
renovação incruenta do Sacrifício do Calvário. É o maior ato de culto da
Religião Católica, porque é Nosso Senhor Jesus Cristo que se oferece a Si mesmo
ao Padre Eterno.
Quando o padre
pronuncia as palavras da Consagração, a hóstia e o vinho se transubstanciam,
passando a ser Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esse é o momento no qual se dá a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário,
um dos mais augustos mistérios da Religião Católica.
Assim, é compreensível
que uma pessoa piedosa dê grande importância a estar presente à Missa. E todas
as outras orações da Igreja se estruturam tendo em vista a parte mais
importante da Missa.
Desse modo
compreendemos como um Santo, com uma devoção eucarística acendrada, tenha o
melhor de sua devoção voltada para a transubstanciação, na qual Nosso Senhor
Jesus Cristo se oferece novamente.
Vejamos, então, a
vida de São Pascoal Bailão.
Um ato de adoração no momento extremo da vida
São
Pascoal Bailão, cujo corpo repousa no Convento dos Franciscanos de Valência, na
Espanha, era nascido na província de Aragão. Tendo que apascentar seu rebanho,
ele assistia à Missa sempre que podia, e se era impossível assisti-la, ele
deitava ouvidos atentos ao som da sineta que tocava por ocasião da elevação.
Vê-se que o prado
onde ele apascentava o rebanho, quando menino, era muito próximo a uma igreja e
ele, de fora, podia ouvir a campainhazinha tocando no momento da elevação.
Assim
que ouvia a sineta, ele se ajoelhava, e qualquer que fosse o lugar onde se
encontrava, adorava com fervor o Santíssimo Sacramento, o Salvador descido do
Céu para o altar.
Com
a idade de 24 anos entrou, na qualidade de irmão leigo, no Convento dos
Franciscanos Descalços de Valência, onde mostrou o mesmo fervor ardente pelo
Santíssimo Sacramento.
Deus
lhe recompensou esse fervor, chamando-o a Si no momento da elevação. Depois de
ter recebido o Santo Viático, São Pascoal perguntou se a Missa solene já tinha
começado na igreja do convento. E como lhe disseram que a elevação se
aproximava, ele se tomou de uma alegria extraordinária, e deitou muita atenção
para, do lugar onde estava, ouvir o tilintar da sineta. Quando ouviu, exclamou:
“Meu Jesus! Meu Jesus! e expirou.
O
seu enterro foi marcado por um grande milagre: tinham colocado seu caixão na
igreja e o Ofício dos mortos acabava de começar. Eis que na elevação da Hóstia,
o cadáver se mexeu, abriu os olhos, e quando o padre levantou o cálice, fez o
mesmo gesto do padre.
Isso
não aconteceu uma única vez. Quando seu corpo foi colocado numa sepultura ao
lado do altar-mor, deu muitas marcas de veneração pelo Santíssimo Sacramento
cada vez que se celebrava a Missa nesse altar. Quando chegava o momento da
elevação, ouvia-se um movimento no interior da sepultura como a convidar os
fiéis a um ato de adoração mais ardoroso. Em nossos dias ainda se percebe, às
vezes, esse movimento na sepultura. Vários santos padres, entre outros o
piedoso Domenico Maso, que celebraram o Santo Sacrifício da Missa diante da
sepultura de São Pascoal Bailão, informaram ter sido testemunhas desse milagre.
É algo lindíssimo,
cuja beleza merece ser analisada num instante.
Nosso Senhor deu a
este Santo, durante toda a sua vida, uma graça especial para adorar o
Santíssimo Sacramento. Talis vita, finis ita: assim como foi a vida, assim
também é o fim. Graças à fidelidade dele a essa graça, Nosso Senhor fez
coincidir a morte dele com o momento da elevação. Nesse instante Deus colheu a
sua alma, como para dizer que, durante toda a vida, a alma dele esteve se
maturando para esse supremo ato de adoração ao Santíssimo Sacramento. E quando
ele atingiu a santidade própria para o momento extremo, no qual ele fez essa
adoração extrema, ele tinha chegado à plena maturidade para o Céu. Essa
maturidade ele a tinha realizado num ato de adoração ao Santíssimo Sacramento.
Veio a Providência, o colheu e o levou para o Céu.
Missão póstuma para maior glória de Deus
É frequente os
Santos, quando vão para o Céu, terem certo pesar de não poderem mais fazer
apostolado na Terra. Parece incrível que uma pessoa, indo para o Céu, tenha
pesar de alguma coisa na Terra não ficar como queria. Vemos São Pascoal Bailão,
ainda depois de morto, o cadáver dele fazer um ato de adoração ao Santíssimo
Sacramento. Depois, na sepultura, ainda se remexe quando há uma celebração,
para convidar os fiéis a adorarem o Santíssimo Sacramento. É um apostolado
eminente feito por seu cadáver.
Nós podemos enunciar
um desejo análogo? Podemos desejar alguma coisa desse gênero?
Eu desejaria para
todos nós que, depois de mortos, quando alguém pronunciasse o nosso nome, ou se
lembrasse de nós a qualquer propósito, ou passassem perto de nossa sepultura,
recebessem, se forem filhos da luz, um aumento de devoção a Nossa Senhora, uma
participação no espírito d’Ela. Se forem filhos das trevas, se sentissem
incomodados, humilhados, combatidos, obstados e perseguidos no que tivessem de
mau, de maneira a largar a sua maldade. Desejaria combater para converter os
maus ou para evitar que eles prejudiquem os bons. De modo que o número dos
eleitos se completasse exatamente como Deus quer.
Para isso devemos
ser, até o fim da vida, duas coisas: primeiro, arautos de Nossa Senhora;
segundo, pedras de contradição, de escândalo para salvação e perdição de
muitos, exatamente como o Profeta Simeão disse a respeito de Nosso Senhor Jesus
Cristo (cf. Lc 2, 34).
Se eu souber que até
o fim do mundo Nossa Senhora resolveu utilizar do nome de um de nós para isso,
exultarei intimamente e superexultarei, porque assim a nossa obra se realizará.
Quer dizer, apenas
quando — segundo a frase grandiosa da Escritura — tiver acabado o mundo e a
abóbada celeste se enrolar como um pergaminho, e vier o Filho de Deus em grande
pompa e majestade (cf. Ap 6, 14-17); as contas todas estiverem acertadas e os
adversários da Igreja liquidados; a Contra-Revolução estiver para sair da
sepultura a caminho do Céu; os anjos malditos que circundam a Terra incitando
os homens para a ação da Revolução estiverem prestes a ser acorrentados para
irem ferver no Inferno por toda a eternidade; somente nesse momento a nossa
missão acabe.
Esta seria a
aplicação do mesmo princípio usado por Nossa Senhora com São Pascoal Bailão. O
que se faz a vida inteira faz-se também na hora da morte. O que se faz na hora
da morte, faz-se até o fim do mundo. Podemos pedir a São Pascoal Bailão que nos
dê essa grande graça.
Plinio Corrêa de Oliveira –
Extraído de conferência de 23/8/1974
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